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25/11/2014 - Notícias
Brasil tem 1.969 pontos vulneráveis à exploração sexual infantil, diz estudo
por G1

MG, PA e BA são estados com maiores números de zonas de alto risco. Meninas são 69% das vítimas identificadas pela Polícia Rodoviária Federal.

 

Um levantamento feito pela Polícia Rodoviária Federal identificou 1.969 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias brasileiras. A BR-116, que corta estados do Sudeste e do Nordeste, é a pista com o maior número de pontos – 243. Os dados foram apresentados pela corporação na manhã desta terça-feira (25) em Brasília.

De acordo com o estudo, os pontos vulneráveis são ambientes ou estabelecimentos em que há adultos se prostituindo, falta de iluminação e ausência de vigilância privada, além de serem locais de parada costumeira de veículos e de consumo de bebida alcoólica. Os mais comuns são lanchonetes e postos de combustível. Eles são divididos em críticos (566), de alto risco (538), médio risco (555) e baixo risco (310).

Os estados com maior número de municípios com pontos críticos são, segundo a pesquisa, Minas Gerais, Pará e Bahia. Esses estabelecimentos se encontram em 470 municípios, dos quais 90,43% têm Índice de Desenvolvimento Humano entre muito baixo e médio.

Já em relação às regiões, a Sudeste tem o maior número de zonas de vulnerabilidade – 494. Ela é seguida, na ordem, pelo Nordeste (475), Sul (448), Centro-Oeste (392) e Norte (160). Os dados foram coletados em 2013 e 2014.

"Na verdade, nós tivemos Minas Gerais e Bahia com aumento significativo de pontos [em relação às pesquisas anteriores]. São estados que vão nos demandar maior atenção. Mas também tivemos investimento maciço em alguns estados, como Piauí, em que houve uma mobilização local. Nesses locais em que há mobilização, o policial vai a campo com um olhar mais crítico", disse a presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da Polícia Rodoviária Federal, Márcia Freitas.

O levantamento mostrou ainda que 69% das vítimas são meninas, seguidas por transgêneros, que representam 22%. Outro dado destacado pela corporação foi o fato de que 38% das crianças e adolescentes não eram daquela região. Para a polícia, isso pode apontar para o tráfico de pessoas.

"A análise demonstrou uma ligação entre tais municípios e o IDH – educação baixa (especialmente apontando para analfabetismo e evasão escolar), baixa renda e crianças e adolescentes em educação ativa", afirma o texto.

Diretora da Childhood Brasil, Ana Maria Drummond afirmou contar com a ajuda de caminhoneiros como um importante instrumento para reduzir os riscos de crianças e adolescentes virarem vítimas de exploração sexual.

"Na pesquisa feita em 2012, a gente identificou que o caminhoneiro era, não a sua maioria, mas boa parte, facilitador. [...] Aí a gente pensou: se ele é facilitador, por que ele não pode se tornar um agente de proteção?", disse.

Projeto Mapear

A iniciativa foi criada há 12 anos e busca ampliar e fortalecer ações de enfrentamento da violência sexual contra crianças  adolescentes. Em 2009, a ONG Childhood Brasil propôs à Polícia Rodoviária Federal que adotasse critérios e indicadores de vulnerabilidade que permitissem maior grau de consistência dos dados coletados.

Segundo a corporação, houve redução de 40% no número de pontos críticos nos últimos seis anos. O Brasil tem 70 mil quilômetros de rodovias federais.