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07/05/2024 - Notícias
OPINIÃO: EXAME TOXICOLÓGICO E COMPETITIVIDADE LOGÍSTICA
por CARGA PESADA

João Batista Dominici, engenheiro, presidente da Associação Brasileira de Logística Pesada (Logispesa) e editor do Guia do TRC.

 

O Brasil, como sabemos, por problemas estruturais, sem soluções no curto e médio prazo, transporta 85% das suas cargas de caminhão.

Para boa parte delas, especialmente, comodities, essa é uma solução cara.

Daí para fugir desse problema o recurso utilizado por muitos é o excesso de peso ou o excesso de jornada ou preferencialmente os dois.

Mas como assim, excesso de peso, excesso de jornada? Pode isso? O governo sabe disso?

Claro que sabe. É por isso que algumas rodovias são equipadas com balanças e é exigido o Exame Toxicológico dos motoristas dos veículos pesados.

Mas o governo e todos nós sabemos que essas são soluções paliativas, que não resolvem o problema nem do excesso de peso, nem do excesso de jornada.

Até porque se resolvesse, cá entre nós, aí sim se criaria um problema, esse sim, de fato problemático: a perda de competitividade, por exemplo, do agronegócio. E quem vai querer mexer nesse vespeiro

Mas por que esse assunto preocupa e voltou à baila nos últimos dias?

É porque segundo a Senatran, quase 1,5 milhão dos motoristas cadastrados ainda estão com o exame toxicológico pendente, apesar de ao mesmo tempo haver falta de motorista de caminhão no Brasil.*

A gente sabe da importância desses números, especialmente diante de outros números igualmente preocupantes como o do aumento do número de acidentes, especialmente envolvendo motoristas de caminhão.

De acordo com Rodolfo Rizzotto, coordenador do SOS Estradas, os veículos pesados estão envolvidos em quase 50% das mortes nas rodovias brasileiras.

O que parece que ninguém sabe com certeza ainda é por que razão contingente tão grande de motoristas não renovaram esse exame.

Fiz essa pergunta a alguns jornalistas experientes. Para Chico da Boléia há três razões: “a primeira é financeira e por isso esperam o melhor momento para fazer o exame; a segunda é que como toda hora o governo muda os prazos eles ficam esperando uma nova prorrogação e a terceira é como toda hora estão no trecho, acabam esquecendo”. Rafael Brusque do Blog do Caminhoneiro “acha que os números acabam sendo exponenciados por motoristas que tem a CNH profissional e não usam mais, por motoristas que rebaixaram a categoria na renovação para não fazer o exame tipo aposentados, ou por aqueles que simplesmente trocaram de profissão. Meu vizinho era carreteiro e agora trabalha em um escritório, ele tem CNH E e não vai renovar o exame, completa Rafael.

Parece que a única certeza é que vamos ter que esperar um pouco mais para saber de fato qual é o tamanho do problema e qual vai ser seu impacto para o escoamento das nossas comodities.