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Notícias

25/11/2015 - Notícias
Empresas oferecem soluções para baratear transporte de cargas
por ABTC

O fato de a maior parte das cargas domésticas brasileiras, -81,7% do total- ser transportada por caminhões em estradas é o maior problema da área de logística nacional, avalia estudo da Fundação Dom Cabral.

"Esse é um erro histórico que nos persegue", diz Paulo Resende, que conduziu o levantamento que estima em 11,2% o índice médio de desperdício de receitas das empresas nacionais com o custo logístico.

Para contornar esse problema, aplicativos e sistemas tecnológicos oferecem soluções paliativas para diminuir os custos com transporte e dar mais agilidade às pequenas e médias empresas.

O Truckpad começou a operar em janeiro de 2013, apesar da resistência enfrentada por seu desenvolvedor Carlos Mira, 47.

Com o aplicativo, o dono da carga pode se conectar diretamente ao caminhoneiro e acertar detalhes e valores da transação, eliminando etapas do processo.

Em cerca de um mês, ele registrou seus primeiros cem downloads.

"Empresários do setor tentavam me desencorajar, afirmando que caminhoneiros jamais usariam smartphones", conta Mira, que foi dono de uma transportadora até 2010.

O cadastro de mais de 300 mil caminhoneiros, após triagem, registrado até o início deste mês, apontam o erro nas previsões pessimistas.

"A minha ideia era tirar o intermediário da negociação", diz Mira. "É como se fosse o Über, com a diferença de que os caminhões e caminhoneiros são os mesmos de antes, apenas ficaram mais próximos dos clientes."

O empresário estima que cerca de 400 mil ofertas de serviços são feitas por mês via Truckpad.

ENCAIXES

Para exportações e importações, um levantamento do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) mostra que o principal meio de transporte utilizado é o marítimo, com a utilização de contêineres e índice de uso de 74,6%.

Mesmo assim, há problemas, em especial para as pequenas e médias empresas, que têm dificuldade de pagar por espaços em contêineres.

O aluguel de um contêiner vindo da China, por exemplo, custa em média R$ 4.000.

A LoteBox surgiu em Recife, em 2013, com a ideia de facilitar o acesso de negócios de menor porte a esse tipo de transporte.

Por meio de um algoritmo, o sistema desenvolvido por Eduardo Roquette, 23, e Luis Fernando Gomes, 27, calcula a melhor maneira de aproveitar os espaços, além de oferecer aos cerca de 300 usuários cadastrados a possibilidade de compartilhar o contêiner com outras empresas e economizar nos gastos com transporte.

"A facilidade do sistema permite que pequenas empresas comecem a exportar", diz Roquette.

Pelo serviço de localização e otimização de espaço, a LoteBox cobra 10% do valor do frete de cada transação.

APLICATIVO

Eliminar intermediários na área de transportes de encomendas urbanas é o objetivo principal dos criadores do aplicativo Partiu Entregas, desenvolvido pela empresa Monkey N' Apps.

Segundo Marcos Schulz, 36, criador do programa, a ideia surgiu após ele mesmo enfrentar problemas para organizar seu casamento, em agosto deste ano.

"De última hora, havia umas caixas e mesas para serem transportadas. Sofri muito para encontrar um carreto confiável", diz Schulz.

A partir da sua experiência, o desenvolvedor criou uma plataforma simples, que conecta pessoas com encomendas a motoristas dispostos a transportá-las.

"A maior parte dos cadastrados são motoristas comuns, mas pequenas transportadoras também têm me procurado", conta ele.

Como forma de resguardar o contratante, a Partiu Entregas faz uma checagem de antecedentes criminais dos transportadores que buscam cadastro no site.

Entre os motoristas da frota "da empresa" há donos de carros, vans, motos e até mesmo bicicletas.

A empresa cobra R$ 2,80 por quilômetro rodado, dos quais fica com R$ 0,30.

O cliente fotografa a carga e combina a retirada diretamente com um motorista que esteja a até 5 km de distância. Já há 150 transportadores cadastrados em pouco mais de um mês de operação.

Camila Oliveira, 29, já utilizou o serviço duas vezes para atender clientes da sua loja e cervejaria Água Benta Lupulada.

"As garrafas não podem balançar em uma moto", diz ela, que, por conta dos custos trabalhistas, rejeitou a ideia de ter um transportador contratado.