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Notícias

28/07/2015 - Notícias
Rodovias estaduais precisam de manutenção
por A TARDE

"Parece que a gente está dirigindo na lua". Foi desta forma que o médico Leonardo  Baltazar, 38 anos, reagiu ao passar pela rodovia BA-522, no perímetro urbano de Candeias (na Grande Salvador), que  está com crateras em diversos trechos, colocando em risco a vida dos condutores que por  lá trafegam diariamente.

Assim como esta, outras rodovias estaduais que ligam cidades da Grande Salvador têm pontos com problemas. A TARDE passou, na última semana, pelas BAs 522, 523 e 512 e encontrou situações que vão desde a má conservação do asfalto até a falta de  sinalização horizontal e vertical e ausência de acostamento.

A situação prejudica não apenas os condutores de veículos de passeio, mas também caminhoneiros e empresas, que têm presença maciça na região e fazem o escoamento da produção pelas rodovias.

As BAs 522 e 523, que cortam a cidade de Candeias, por exemplo, são os principais acessos à Refinaria Landulpho Alves e às cidades de São Francisco do Conde e Madre de Deus.

A Secretaria de Infraestrutura do Estado (Seinfra), por meio da Superintendência de Infraestrutura de Transportes da Bahia (SIT), informou que está elaborando estudos - que devem ser concluídos até o final deste mês - para restauração emergencial das rodovias (leia mais ao lado).

 

PROBLEMAS

Por conta dos buracos na estrada de Lamarão (BA-512), um caminhão da empresa  Guindaste Brasil (que presta serviço para a Petrobras) teve o pneu furado na última  quarta-feira, enquanto a equipe de reportagem passava pela rodovia.

"Isso acontece sempre. Essa buraqueira prejudica o trabalho e coloca em risco nossa vida", reclamou o motorista do veículo, Paulo Sérgio Veiga, 43. Nesta via, há uma ponte sem proteção nas laterais e grande concentração de terra e areia na pista em alguns trechos.

Na BA-522, no trecho entre Candeias e Simões Filho, uma parte da pista não tem acostamento em ambos os sentidos. A situação se agrava no perímetro urbano de Candeias, onde, além dos buracos, não há sinalização horizontal.

"Isso tem gerado congestionamentos constantes. Nos horários de pico, fica parado", conta Leonardo Baltazar. Em outro ponto, já em São Francisco do Conde, uma cratera no acostamento provocou um afundamento na pista.

Por isso, os condutores têm que desviar para a contramão. Neste trecho, os condutores têm que redobrar a atenção, pois fica próximo a uma curva.

Já na BA-523, os principais problemas são os buracos. O asfalto aparenta ser antigo e há trechos em que a pista é irregular, como em Madre de Deus. No trecho da base de distribuição de combustíveis da Petrobras, a quantidade de buracos é maior.

Há pontos em que a vegetação encobre a sinalização vertical. Na BA-522, no trecho de Candeias, por exemplo, placas que informam "pista irregular a 300 m" e "estreitamento da pista a 300 m" estão ocultas pelo mato.

Condutores ouvidos por A TARDE contaram que acidentes e assaltos nas rodovias são frequentes, pois os buracos obrigam-nos a reduzir a velocidade. "Minha família foi assaltada na BA-522. Roubaram celulares e tablets", contou o comerciante Jonair Barbosa, 56.

Entre as três rodovias, a BA-523 é a que apresenta melhores condições do asfalto e também de sinalização.

 

ESTRADAS REGISTRAM 252 ACIDENTES E 4 MORTES NO PRIMEIRO SEMESTRE

Segundo dados do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), 252 acidentes com quatro mortes forma registrados nas BAs 522, 523 e 512 no primeiro semestre deste ano.

Em comparação com 2013, no ano passado, houve redução de 7,4% no número de acidentes (de 593 para 549) e aumento de 70% na quantidade de óbitos (de 10 para 17) nas três rodovias.

Segundo o BPRv, os defeitos na pista aparecem com 2,2% das causas presumíveis de acidentes nas rodovias baianas. A maior delas, informa o órgão, é a falta de atenção, com 71,3% do total geral de ocorrências.

 

RISCOS

Diretor técnicos do Observatório Nacional de Segurança Viária, Paulo Guimarães afirmam que a má conservação das vias eleva os riscos de acidentes. Os fatosres humano (maior deles) e veículos são outros.

Segundo Guimarães, uma situação negativa para as rodovias da Bahia ( não apenas as três citadas) é que 87% têm a geometria considerada regular, ruim ou péssima pela Pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Além disso, 97% das estradas é de pista simples.

“Um acidente é a soma de vários fatores. Na Bahia, já temos estas questões, e, se aliados ao fator humano e má conservação da pista, o risco de acidente é ainda mais elevado”, afirma.

De acordo com ele, a deterioração do pavimento, não apenas na Bahia, tem dois possíveis causadores: falha no planejamento (em relação aos elementos e procedimentos específicos para rodovias) ou falta de manutenção.

 

ESTADO PROGRAMA RESTAURAÇÃO EMERGENCIAL

Segundo a Seinfra, após a finalização dos estudos para a recuperação emergencial das rodovias, prevista para o final deste mês, será aberto processo licitatório para a realização dos serviços.

A Seinfra informou que está avaliando a possibilidade dispensa de licitação em caráter emergencial para melhorar a trafegabilidade. Posteriormente, será feita a sinalização vertical e horizontal, que deve ser inicida após a restauração das estradas estaduais.

A secretaria, por meio da SIT, ressaltou que estas rodovias foram construídas há algumas décadas em regiões que apresentam subleito em solos tipo massapé, característico da região do Recôncavo, que é mais propenso a deformação. “Nestes solos, a variação climática provoca mais fissuras, causando a formação de panelas (buracos) no pavimento”.

Pontuou, ainda, que “a melhoria de capacidade da rodovia, com a implantação de acostamentos adequados, requer uma técnica sofisticada para evitar desestabilização dos aterros acomodados ao longo do tempo”.

 

CHUVA

A SIT destacou que as chuvas dos últimos três meses na região, além do tráfego intenso de veículos pesados, contribuem para a deterioração das rodovias. Além disso, pontuou o órgão, a chuva provoca a suspensão dos serviços de conservação e manutenção já programados.

A Seinfra ressaltou que está concluindo os termos de referência da nova modelagem de conservação por meio de gestão de contratos. “Após a conclusão do processo licitatório, haverá mais agilidade nas ações de conservação e manutenção das rodovias sob nossa jurisdição”

 

GESTORES DOS MUNICÍPIOS COBRAM OBRAS DE RECUPERAÇÃO

Prefeitos de municípios da Grande Salvador pedem intervenções do estado nas rodovias. “A BA-522 tem um tráfego intenso de veículos pesados e a cidade sofre. A rodovia está intransitável”, afirma o prefeito de candeias, Sargento Francisco.

O prefeito de Madre de Deus, Jeferson Andrade, contou que, ao lado de outros gestores, tem se reunido com o governo do estado no intuito de buscar soluções. “Estamos fazendo uma pressão política e o governo do estado se comprometeu de nos próximos meses, resolver o problema”.

Já o prefeito de São Francisco do Conde, Evandro Almeida, se mostrou disponível a ajudar. “O que queremos é sanar os problemas históricos de nossas estradas”. O secretário de Infraestrutura de São Sebastião do Passé, Gilmar Pena, informou que a prefeitura local cedeu máquinas para a realização de serviços na BA-512. “O município já vem dando manutenção com cacos de piso, cedidos por uma fábrica”.

Mauro Pereira, superintendente do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), contou que a situação preocupa e prejudica as empresas. “Uma solução discutida é a concessão de estradas”, disse. A Seinfra, por sua vez, negou que esteja planejando realizar concessão de rodovias.