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Notícias

25/02/2015 - Notícias
Artigo - Impactos dos 2 últimos aumentos dos combustíveis nas operações de transportes
por * João Roberto Valdivia

A pedido do portal Guia do TRC e, tendo em vista os aumentos recentes no preço dos combustíveis, fizemos um levantamento da participação desse importante insumo na matriz de custos do TRC e de como esses aumentos impactam o custo das operações de transporte rodoviário de carga. O estudo tomou como base e detalhou os seguintes pontos de influência:

1. A operação de transporte

2. A carga transportada

3. As composições utilizadas no transporte

4. O sistema de custeio

5. Demonstrativo econômico de algumas operações

É importante lembrar os fatores que mais contribuem para o aumento da intensidade dos efeitos decorrentes do aumento do custo do combustível que são: a quilometragem rodada, o preço e o consumo de combustível do veículo. Além destes merecem destaque:

a) O tipo de Operação

b) O Peso da Carga

c) As Condições da Operação

d) Tipo/Categoria do Veículo

Sistema de Custeio

Os custos operacionais são custos ligados ao veículo, e estão relacionados ao custo de transporte de carga entre dois pontos. Os custos operacionais ou diretos são compostos por duas parcelas:

• Custos fixos: correspondem aos custos do veículo que não variam com a quilometragem rodada.
• Custos Variáveis: correspondem àqueles custos que variam com a distância percorrida pelo veículo.
Os custos operacionais de um veículo são representados pela Planilha de Custo Operacional.

Abaixo está representada uma planilha de custos de um veículo de transporte rodoviário de carga, da categoria caminhões médios que pode ser consultada no site www.tabeladefretes.com.br:

 

Para este estudo levou-se em consideração veículos de quatro categorias: leve, médio, semipesado e pesado.

O comportamento dos Custos Operacionais

Nota-se que o veículo possui custos com unidades diferentes: o fixo é por mês e o variável é por quilômetro. Portanto, para que se possa ter o custo total deve-se usar a fórmula abaixo:

 

O fato de as duas parcelas terem comportamentos distintos faz com que a apuração do custo total de uma operação de transporte rodoviário seja dependente da quilometragem rodada pelo(s) veículo(s).

Portanto, para se calcular a participação de um dos insumos envolvidos no custo ou na receita total, é necessário que se determine a quilometragem rodada pelo(s) veículo(s), ou seja, quanto mais se roda em uma operação em determinado mês ou período, maior será a influência dos custos variáveis, e quando a quilometragem rodada é baixa, são os custos fixos que acabam tendo maior participação.

 

 

O raciocínio vale, como não poderia deixar de ser, também para o custo de combustível em questão, pois este é indiscutivelmente o maior custo variável de um veículo (veja a planilha do exemplo acima). E, na verdade é isto que explica as variações mensais na participação do combustível no custo total das empresas de transporte rodoviário de carga.

Contudo, quando o cálculo de participação é feito junto à receita, além da influência da quilometragem, tem-se também a variação da receita, pois podemos ter veículos rodando sem carga (retornos e deslocamentos vazios), consumindo combustível, mas sem receita. E, neste caso a parcela referente ao gasto com combustível deve subir. 

Evidentemente, há outros fatores que influenciam na quilometragem rodada de um veículo de transporte e consequentemente no percentual de participação dos insumos, são eles:

- dias úteis do mês,

- trânsito (velocidade),

- clima (chuvas),

- restrições à circulação dos veículos comerciais em estradas e áreas urbanas,

- manutenção veicular (quebras),

- desvios,

- tempo de carga e descarga,

- entre outros

O Impacto do Aumento do Preço do Combustível

Como foi demonstrado, há uma grande variação na participação do combustível no custo total de uma operação de transporte. Portanto, quando há algum reajuste deste insumo, as consequências no custo da operação serão sentidas de acordo com a participação do mesmo.

Com relação ao último aumento de diesel que passou a vigorar a partir de 1 de fevereiro de 2015, cuja estimativa, para o valor na bomba, é de aproximadamente 8,5%, a tabela abaixo mostra a participação do diesel e o possível impacto que o mesmo pode causar nas varias operações de transporte.

 

Se considerarmos os dois últimos reajustes de diesel, estimado em 13,9% (5% + 8,5%), seu impacto chega a:

 


Como demonstrado, os custos com combustível nas operações onde se roda muito são de fato os maiores. Outro exemplo da relevância do diesel pode ser verificado nas operações onde se utiliza mais de um motorista, e os veículos chegam a rodar quase 40 mil quilômetros mensais, neste caso o custo com combustível chega a ser mais da metade de tudo o que a empresa de transporte de carga ou passageiro fatura ou gasta, daí a importância de, diante do aumento do preço desse insumo a necessidade das empresas apurar seus impactos sobre os custos da prestação do serviço e buscarem os repasses necessários.


* João Roberto Valdivia é Engenheiro e mestre em Administração de Empresas e assessor Técnico do Site Guia do TRC.